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Na aldeia Pé de Serra de São Sebastião, onde Danielle Marques de Santana vivia com a familia, 60% dos indígenas apresentam sintomas semelhantes aos da chikungunya, como edemas, dores no corpo e na cabeça, manchas e coceira. Na casa da jovem, além dela, também estiveram doentes seus dois sobrinhos e seus três irmãos. “Só eu e minha esposa, a mãe de Danielle, ainda não tivemos essa epidemia. Mas o resto, todo mundo aqui em casa teve”, contou José Maria Araújo de Santana. De acordo com a agente de saúde e moradora da comunidade Pé de Serra de São Sebastião, Edilene Augusto, o atendimento médico para essa população é escasso.

“Na região de Pesqueira, são 24 aldeias indígenas, onde vivem 11 mil índios. Em cada aldeia há um posto de saúde. Quatro médicos se revezam entre essas 24 aldeias, o que dá um atendimento por mês. Ainda assim, os atendimentos são clínicos. Em casos de emergência, precisamos ir para o hospital municipal de Pesqueira. Mas quando chegamos lá, sempre perguntam por que não procuramos atendimento no posto de saúde, como se não soubessem que aqui não tem médico toda hora. Somos indígenas, não somos bichos”, conta Edilene. Na aldeia Pé de Serra de São Sebastião, vivem 250 pessoas e 61 famílias.

Segundo ela, cada aldeia tem um agente de saúde, morador do próprio povoado, que foi capacitado para trabalhar no combate ao mosquito Aedes aegypti, através da aplicação de hipoclorito nas cisternas. “O que me dói é saber que agora as pessoas estão olhando para nós porque uma indígena morreu em um hospital do Recife. Mas precisou que Danielle perdesse a vida para que a situação de Pesqueira viesse a público. Na comunidade indígena, ela foi a primeira a falecer, mas sei, como agente de saúde, que vários idosos têm morrido no Hospital Lídio Paraíba, com sintomas de chikungunya. Eles são mais frágeis e com a imunidade baixa. E no atestado de óbito, o motivo é sempre virose. Se ela tivesse vindo a óbito em Pesqueira, ia ficar por isso mesmo”, lamentou Edilene.