indigenas

Em Bom Jesus do Tocantins, distante 60km de Marabá, no sudeste do Pará, a comunidade indígena Parkatêjê, da etnia Gavião, celebra um ritual que tem o objetivo de transformar crianças e adolescentes em guerreiros. O ritual ocorre a cada dez anos e em 2016 encerra dia 24 de março, quando os novos guerreiros serão apresentados à comunidade depois de 30 dias confinados.

Ao todo, participam do ritual 32 jovens com idades entre 10 e 19 anos. São 31 homens e uma mulher, que na tradição dos índios Gavião, foi escolhida entre outras meninas da aldeia para ser a “rainha”.  Eles ficam 30 dias dentro de uma cabana feita de palha, em uma área afastada, incomunicáveis com a família.

Três índios adultos acompanham os jovens e passam a eles os costumes e tradições do povo gavião. “Eles vão crescer obedientes, vão crescer respeitando, vão crescer guerreiros também”, afirma Akroiarere Gavião.

Jovens indígenas ficam 30 dias confinados para se tornarem guerreiro
Todos os dias existem atividades na mata para aprender a caçar e na própria aldeia, como o uso do arco e flecha e de rituais indígenas. Entre as atividades há uma corrida de 30 minutos em que os jovens são distribuídos em dois grupos.

Os familiares ficam de fora, apenas torcendo, e outros índios gritam para motivar os mais jovens. Após meia hora de corrida, os jovens aprendizes de guerreiros são refrescados com um banho e depois são levados novamente para a cabana.

Com quase cem anos de vida, o cacique, que não fala português, acompanha as atividades e diz estar feliz por estar renovando a cultura.

“Vão ficar confinados lá dentro, a gente sente muita saudade, mas é bom pra nós, porque é lá dentro que eles vão aprender a respeitar os nossos anciãos, vão aprender a valorizar a nossa cultura, vão se desenvolver”, diz a indígena Takwyi Gavião.

“Ele vai aprender a caçar, vai aprender a correr tora, fazer flecha, então vai ser um guerreiro mesmo. Nós vamos manter essa tradição como antigamente, passado de geração por geração”, conta outra indígena, Atarkwyi Gavião.

A festa dos Parkatêjê marca a mudança na vida de 32 jovens. É o momento em que eles se tornam guerreiros da etnia Gavião e estão prontos para defender a aldeia e manter as tradições dos indígenas.