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O reflexo disso são crianças fora da escola e cada vez mais superlotação nos postos de saúde

Cerca de 20 famílias estão sem água potável na reserva indígena de Dourados. O desabastecimento já dura 40 dias na região conhecida como “travessão do cacique Getúlio”, castigando a comunidade. O reflexo disso são crianças fora da escola e cada vez mais superlotando os postos de saúde, já que ficam vulneráveis a doenças devido a falta de água.

De acordo com o indígena Levanir Machado, coordenador de Esportes da Associação Indígena Douradense (Assind), as escolas estão dispensando mais cedo os alunos. “Eles estão saindo por volta das 9h pela manhã porque passam cede na escola, já que todas as torneiras estão secas”, destaca.

Nos postos de saúde a falta de água também influencia. “As crianças acabam tomando água de poços contaminados. em nossa Reserva não há rede de esgoto, que muitas vezes fica a céu aberto e próximo dos…….

poços. As unidades de Saúde estão registrando o aumento no número de crianças doentes”, destaca. Com as torneiras…..

secas, Levanir precisa andar no mínimo 200 metros para encontrar água num poço artesiano de um vizinho para preparar os alimentos.

“É um grande sofrimento para as famílias. Eu chego para buscar água num vizinho, que já está com a bomba do poço estragando devido a grande quantidade de gente que está pegando água no local. Tenho que ir pelo menos 3 vezes lá e quando chego tem uma fila de mais de 20 pessoas. Vejo que em breve nosso vizinho terá que reduzir a quantidade de água disponibilizada para não danificar os equipamentos. Isto nos preocupa porque a água que pegamos lá mal dá para preparar o almoço e a janta. Estamos passando muita cede aqui, sem contar com nossas condições de higiene que ficam prejudicadas. Meus filhos nem querem ir mais para a escola”, destaca, observando ainda que há vizinhos doentes que estão tendo que sair de casa, mesmo com suas limitações para buscar água. “Meu vizinho anda de muletas e o outro trata alzheimer. É muito difícil para eles passar por esta situação”,

O problema da falta de água na Reserva dura há anos. O PROGRESSO mostrou no ano passado que em alguns casos a comunidade indígena estava arriscando a vida entrando em fazenda particular para conseguir água. No ano passado O PROGRESSO mostrou que a Reserva conta com seis poços para abastecer uma população que chega a cerca de 17 mil pessoas. Quando uma uma dessas unidades ficam sem funcionamento e outras duas sem muita vazão, a falta de água nas duas aldeias se torna mais grave.

SESAI O Diretório Especial de Saúde Indígena, órgão ligado a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), informou ao O PROGRESSO, que ao saber do caso, equipes de engenharia do saneamento foram mobilizadas para resolver a situação. A previsão é de que hoje os profissionais façam uma visita técnica para verificar in loco os motivos do desabastecimento. A expectativa é de que o problema seja resolvido após a visita.