a ceramica

Felipe Shikama – Jornal Cruzeiro do Sul

Descobrir aspectos sobre o modo de vida da população indígena que habitava no interior paulista antes da colonização do Brasil é o objetivo da pesquisadora Letícia Ribeiro que, por meio de estudos iconográficos do artesanato Tupi, desenvolve a dissertação de mestrado em arqueologia pela Universidade de Paulo (USP).

Formada em Ciências Sociais pela Unesp de Araraquara, a paulistana de 27 anos incluiu Sorocaba no seu roteiro de pesquisa de campo, onde localizou peças histórias de cerâmica indígena que serão minuciosamente analisadas no trabalho a ser defendido na metade do ano que vem. Os materiais examinados por Letícia estavam guardados na reserva técnica do Museu Histórico Sorocabano (MHS) e, segundo a pesquisadora, ajudarão a desvendar aspectos etno-históricos da população que vivia por aqui antes da chegada dos portugueses. Na semana passada, em visita ao Palacete Scarpa, prédio que abriga a reserva técnica do museu municipal, ela encontrou três peças inteiras e três fragmentadas, sendo que algumas delas precisaram passar por processo de higienização e jamais haviam sido catalogadas.

Inicialmente, a região pesquisada seria a bacia hidrográfica do Mogi Guaçu, mas Letícia decidiu ampliar o recorte dos estudos devido às dificuldades para encontrar material em bom estado de preservação. “É muito difícil encontrar peças de cerâmica tupi que tenham pelo menos cinquenta por cento de integralidade, por isso decidi expandir a pesquisa para todo o estado de São Paulo”, comenta ela. Além de Sorocaba, pelo menos outras 15 cidades do interior paulista serão visitadas pela pesquisadora até o final deste ano, quando ela deve concluir a pesquisa de campo para, então, iniciar o processamento das informações.

Segundo a pesquisadora, ao lado dos municípios de Presidente Prudente e Aparecida, Sorocaba atualmente figura como “referência” na preservação de seu acervo histórico no interior paulista. Ela comenta que boa parte do acervo de museus públicos ainda sofre de problemas de acomodação adequada. Além disso, muitas dessas instituições até hoje não têm política de aquisição de peças e sequer contam com profissionais capacitados de museologia. “Na década de 1960 mais de 70 museus histórico-pedagógicos foram construídos pelo governo estadual em todo o interior paulista, só que depois eles foram municipalizados e muitas prefeituras não têm interesse ou condições financeiras de mantê-los”, detalha.