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Com a intenção de divulgar a pluralidade das culturas indígenas e levando em conta a falta de representatividade desses povos na cultura e na mídia, o Núcleo de Antropologia de Sociedades Indígenas e Tradicionais (NIT), que faz parte do IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas) da UFRGS, em parceria com a Sala Redenção, criaram a Mostra Tela Indígena. Desde julho, estudantes e público externo podem conferir, em sessões gratuitas, curtas e longas feitos por indígenas ou que tratem dessa temática.

Além das exibições, a programação conta com a presença de antropólogos, diretores dos filmes e especialistas, e convidados indígenas, para uma aproximação cultural ainda maior, por meio de debates pós-sessão. O objetivo é perceber e refletir sobre a diversidade dos 246 povos no Brasil, que falam mais de 150 línguas. “O audiovisual aqui está transformado em uma ferramenta de diálogo entre essas experiências de vida, uma ponte entre espectador e os outros modos de perceber o mundo que esses povos têm”, afirma o NIT.

A Mostra traz um filme por mês à Sala Redenção, no Campus Central da UFRGS. Já foram exibidos os filmes “Dias de Luta” e “TAVA, casa de pedra”, em julho; “Sentindo o outro lado” e “A mata é que mostra nossa comida”, em agosto”; e “Xapiri”, na última quarta-feira (14). A próxima sessão acontece no dia 26 de outubro, com o longa “Corumbiara”, e em novembro e dezembro serão apresentados “Ete Londres – Londres como uma aldeia”, “As Hipermulheres” e “Hotxuá”. As sessões acontecem sempre a partir das 19h.

Corumbiara

O próximo filme a ser exibido é o premiado documentário “Corumbiara”, dirigido por Vincent Carelli e realizado pelo Vídeo nas Aldeias. O longa retrata o massacre de índios na gleba Corumbiara, ao sul de Rondônia, que teria sido praticado por fazendeiros de gado da região, os quais não queriam que suas terras fossem demarcadas pela Funai, pois isso impediria sua exploração comercial.

Leiloada durante o governo militar, a gleba é o cenário do massacre, em 1985. As tentativas de apagar os rastros do crime foram constatadas por Carelli e pelo indigenista Marcelo Santos ainda na época, e o caso acabou caindo no ostracismo. Dez anos depois, o encontro de dois índios desconhecidos em uma fazenda oferece a primeira oportunidade de retomar o fio da história e revelar a continuidade dos crimes contra os povos indígenas.

Entre outros prêmios, o filme recebeu Menção Honrosa no É tudo verdade – 14º Festival Internacional de Documentário, São Paulo; Prêmio de Melhor Filme pelo Júri Popuar no IV Festival de Cinema Latino Americano de São Paulo; Prêmio de Melhor Documentário no 19º Festival Présence autochtone – Muestra de cine y video indígena de Montréal, Montreal/Canadá; Grande Prêmio Cora Coralina no XI FICA – Festiva Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, Goiás; e Prêmio de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Montagem, Melhor Filme do Júri popular no 37º Festival de Cinema de Gramado.

 

  • JUSTIFICATIVA
  • Depois de 1500, um enorme número de europeus e de africanos chegaram ao Brasil e foram se misturando entre si e com os nativos, chamados de indígenas pelos portugueses. Das populações nativas com os portugueses, surgiram os mamelucos, ou caboclos.
  • Uma das marcas mais fortes desta mistura, mas pouco observada, é o sotaque da língua portuguesa falada no Brasil. Sendo as mães dos primeiros brasileiros mulheres indígenas, o primeiro idioma que seus filhos mestiços aprendiam era um dos idiomas nativos, só depois aprendendo o idioma português paterno.
  • Os pretos trazidos da África para trabalhar nos engenhos de açúcar também se uniram às mulheres nativas, tanto com indígenas quanto com mamelucas, sendo também significativas as uniões entre brancos e mulheres pretas.
  • No século XX um nove elemento somou-se a estas raízes, a chegada de imigrantes asiáticos, em sua maioria japoneses, enriquecendo ainda mais a mestiçagem brasileira.
  • Os mestiços são os que descendem das misturas entre os diversos povos que deram origem à Nação brasileira, tendo como exemplo os caboclos ou mamelucos, os cafuzos, os mulatos.
  • A identidade mestiça brasileira é, assim, uma identidade nascida da mistura, da mestiçagem, e, por isso, um símbolo vivo da derrota do racismo. É herdeira dos índios, dos brancos, dos pretos, dos amarelos. A identidade mestiça brasileira não está baseada em cor, mas resulta da mistura de povos, de origens, de culturas.
  • O Dia do Mestiço já faz parte do calendário oficial do Estado do Amazonas, pela lei nº044, de 21/03/2006 (Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial), do Estado de Roraima, pela lei nº 613, de 09/10/2007, e do Estado da Paraíba, pela lei nº 8.374, de 09/11/2007.
  • A data 27 de junho faz referência ao movimento mestiço brasileiro: aos 27 delegados mestiços eleitos na I Conferência Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, ocorrida em Manaus, nos dias 7, 8 e 9 de abril de 2005, e ao mês junho, mês em que a única representante mestiça da 1.ª CONAPIR – Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial cadastrou-se como delegada em Brasília, no dia 30 de junho de 2005.
  • Apesar desse avanço no reconhecimento da identidade mestiça, há ainda ideias preconceituosas e mestiçofóbicas, ou seja, hostis à identidade mestiç
  • A identidade mestiça fortalece o nosso sentimento de unidade e evita o caminho da fragmentação racialista do povo brasileiro, os conflitos de ódio racial e outras danosas consequê
  • O reconhecimento e a valorização da identidade e cultura mestiça e cabocla é assim algo significativamente benéfico para o povo deste Estado, pois harmoniza com valorização da sua história e identidade.
  • A aprovação desse Projeto de Lei será um ato memorável que expressará sumamente toda a dignidade, espírito de cidadania e apego ao nosso povo que esta Casa Legislativa representa e inspira.