Data celebra a importância da cultura e garantia dos direitos dos povos originários das terras colonizadas pelo ocidente (Foto: Walney Magno)

Evento da Fundação Estadual do Índio, “Amazonas Mostra Tua Cara Indígena”, acontece na Praça da Saudade

Kelly Melo – Manaus (AM)

Para comemorar o Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado hoje, a Fundação Estadual do Índio (FEI) realizada a partir de amanhã, o primeiro Festival Etnocultural “Amazonas Mostra Tua Cara Indígena”, na Praça da Saudade, no Centro.

O diretor-presidente da FEI, Raimundo Sobrinho, explicou que a proposta do evento é  incentivar a cultura indígena e apresentar as riquezas que os povos indígenas carregam, mesmo estando na zona urbana. O festival segue até domingo.

De acordo com Sobrinho, diversas barracas de artesanatos, gastronomia indígena e bebidas tradicionais estarão disponíveis para visitação, além de exibição de arco e flexa, zarabatana e pinturas corporais. Na opinião dele, apesar da comemoração,  muitos direitos ainda são negligenciados aos indígenas no Amazonas, como o acesso à educação, saúde e moradia.

“No interior, por exemplo, estamos dando uma assistência aos parentes da etnia Pirahã, em Manicoré, que estão passando grandes dificuldades com a desnutrição das crianças e falta de perspectiva na aldeia. Por isso, estamos levando alimento, ferramentas de pesca, além de estarmos acompanhados de uma equipe com enfermeiros, antropólogos e outras especialidades  para unirmos esforços para aliviar esta situação”, afirmou Sobrinho. O Amazonas é um dos estados brasileiros que concentra a maior população indígena aldeada do País. São aproximadamente 66 etnias diferentes em todo o Estado.

Embora  a concentração indígena seja forte no Amazonas, a missionária Edna Pitarelli, do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), instituição vinculada à Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), afirma  que as políticas públicas voltadas aos povos indígenas não satisfazem aos desejos do índio. A demarcação de terras indígenas, por exemplo, é um dos principais problemas.

“Na região de Autazes, os Mura têm poucas terras para plantar, sobreviver. E essas poucas terras muitas vezes são invadidas pelos fazendeiros que colocam o gado para pastar nessas áreas. Os Maraguá, na região de Nova Olinda do Norte, não possuem terra demarcada e acabam ficando sem espaço”, disse a missionária.

“Ou seja, esses índios não têm os respeito que merecem e ainda tem seus direitos roubados muitas vezes como em Autazes, onde empresas estão implantando projetos de exploração de silvinita em áreas indígenas, mas eles sequer foram consultados”, criticou.

Migração para cidade

Para o pajé Luiz Carlos Santos, da etnia Tupinambá-Guajari, a falta assistência e apoio ao índio em todas as esferas. “Quando o índio vem para a cidade é porque ele precisa de recurso, moradia, mas não encontra apoio de ninguém, porque nós somos discriminados”, disse ele.