Equipe da Funai está no local para monitorar ação de indígenas e madeireiros. Ministério Público pediu que Polícia Federal acompanhe as denúncias de invasão das Terras Indígenas no sudeste do estado.

Índios da etnia Arara temem o confronto com posseiros e madeireiros que invadiram a terra indígena para a extração ilegal de madeira. O local fica as margens da rodovia Transamazônica, entre os municípios de Uruará e Medicilândia, no sudeste do Pará. Um trecho de 20 quilômetros do território Arara foi dividido em lotes e ocupados desde 30 de dezembro.

Uma equipe da Coordenadoria Regional da Funai acompanha desde quinta-feira (3) a situação do local para tentar evitar o confronto entre os índios e posseiros. Além do loteamento, áreas desmatadas foram encontradas em trechos a 4 quilômetros das margens da Transamazônica, dentro da Terra Indígena (TI) Arara.

“A gente está preocupado, né. Agora a gente está esperando os órgãos para ver como vai ficar. Mas, enquanto eles não tomarem providência, a gente vai ver o que a gente pode fazer”, disse o indígena Turu Arara.

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Terra Indígena é alvo de invasão de madeireiros no Pará. — Foto: Ibama

A Funai disse que monitora a situação e que já notificou a PF, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e MPF sobre os riscos da invasão.

Já o Ibama disse que vai articular atuação para coibir ação ilegal na área em conjunto com a Funai, MPF e PF.

O Ministério Público Federal (MPF) informou na sexta-feira (4) que pediu para a Polícia Federal acompanhar as denúncias de invasão de madeireiros na TI Arara, onde vivem cerca de 290 indígenas.

 

Denúncias apontam ação constante de extração ilegal de madeira em área indígena, no sudoeste do estado. — Foto: Ibama Denúncias apontam ação constante de extração ilegal de madeira em área indígena, no sudoeste do estado. — Foto: Ibama

 

A área é uma das localidades atingidas pela construção da usina de Belo Monte, em Altamira, e é uma das áreas indígenas mais desmatadas devido a extração ilegal de madeira, segundo o órgão.

De acordo com o MPF, existem duas ações na Justiça Federal pedindo a criação de um sistema de vigilância para a área, já que a construção da usina previa o aumento de casos de extração ilegal de madeira. A medida é uma das condicionantes da obra que não foi cumprida, segundo as ações

Esta não é a primeira invasão sofrida pela terra indígena Arara, que ocupa uma área equivalente a 264 mil campos de futebol e foi demarcada pela Funai em 1991.

Em outubro de 2018, tratores usados para extração ilegal de legal foram encontrados em área indígena. — Foto: Ibama

Segundo o Conselho Indigenista Missionário, desde novembro de 2018, os índios denunciam a violação dos seus territórios na região do Xingu para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. o Ibama recebeu imagens que flagraram a ação de madeireiros na região. Nas fotos, aparecem tratores derrubando árvores, toras de madeiras abandonadas pelos invasores que fugiram.

Toras foram abandonadas por madeireiros que fugiram do local. — Foto: Ibama

Terra indígena

A TI Arara abrange os municípios de Altamira, Brasil Novo, Medicilândia e Uruará. A área compreende 274.010 hectares e abriga 298 indígenas. De acordo com a Funai, o local teve os limites homologados pelo Decreto nº399, de 24 de dezembro de 1991.

 

Casos de invasão a terras indígenas

Em 2017, uma operação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Polícia Federal e Funai investigou denúncias de invasão na TI Arara e resultou no embargo de uma serraria e na apreensão de aproximadamente 150 metros cúbicos de madeira nos municípios de Uruará e Medicilândia.

 

Segundo o Ibama, os fiscais identificaram uma tentativa de ocupação às margens da rodovia Transamazônica, a BR-230, entre os quilômetros 120 e 143. Os suspeitos abandonaram o local antes da chegada dos agentes, mas deixaram para trás diversas estacas fincadas com o propósito de demarcar lotes.

MAPA

Em 2018, grupo de indígenas da etnia Parakanã chegou a bloquear a rodovia BR-230 cobrando a retirada de invasores de das terras Apyterewa em Altamira. Eles denunciaram que as áreas estariam sendo alvo de crimes ambientais.

 

Na época, indígenas de dez aldeias procuraram a Justiça Federal em Altamira, sudoeste do Pará, para cobrar a retirada de invasores das terras Apyterêua.

Fonte: G1