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Cachoeira Seca, no Pará, terra indígena mais desmatada do Brasil, tem uma taxa de perda de floresta que cresce há seis anos. Os dados de desmatamento foram contabilizados entre julho de 2019 e agosto de 2020, e foram divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nesta segunda-feira (30).

Cachoeira Seca foi homologada em 2016, depois de 30 anos de espera. A terra indígena do povo Arara já havia sido reconhecida pela Fundação Nacional do Índio (Funai), mas aguardava a posição do Ministério da Justiça. Com o projeto da Usina de Belo Monte, a homologação passou a ser pré-requisito para a liberação do governo federal. A região foi muito afetada pela construção.

Antes disso, já estava sob forte pressão de madeireiros. Em relatório de 2014, o Instituto Socioambiental (ISA) fazia uma estimativa “conservadora”, segundo a entidade, de que o equivalente a R$ 400 milhões em madeira teriam sido roubados ─ ipês, jatobás e angelim-vermelhos, cujo mercado principal costuma ser as indústrias no Sul e Sudeste.

Mesmo com a oficialização da terra, a região ainda é alvo de invasões e constante perda de floresta. Ela está localizada próxima à Altamira, cidade mais desmatada do Brasil, com 4,7 mil km² entre 2019 e 2020.

Raro registro de índios Arara em maloca próxima ao rio Iriri feito em 2010 pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) — Foto: CIMI

Raro registro de índios Arara em maloca próxima ao rio Iriri feito em 2010 pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) — Foto: CIMI

 

 Terras afetadas

 

No total, o Brasil teve 381,4 km² perdidos por desmatamento em terras indígenas de julho de 2010 a agosto de 2020. Em comparação com o mesmo período anterior, ocorreu uma queda de 23%. O número entre 2018 e 2019, no entanto, foi o recorde da série histórica.

Desmatamento em terras indígenas

Dados em km². Ano de 2019 foi recorde de série histórica.  

 WALN

Tuna/Itatá, também localizada no Pará, foi a mais afetada pelo desmatamento no Brasil na temporada anterior de monitoramento do Inpe, entre 2018 e 2019. Neste ano, a terra indígena está em 3º lugar. Veja a lista das terras mais afetadas:

        1. Cachoeira Seca (Pará)

 

 

 

 

 

  • Apyterewa (Pará)
  • Ituna/Itatá (Pará)
  • Trincheira Bacajá (Pará)
  • Munduruku (Amazonas e Pará)
  • Kayapó (Pará)
  • Urubu Branco (Mato Grosso)
  • Manoki (Mato Grosso)
  • Karipuna (Rondônia)
  • Terena Gleba Iriri (Mato Grosso)
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     As cinco terras indígenas mais desmatadas estão no Pará. O dado condiz com a área total de floresta perdida no país neste ano: dos nove estados que formam a Amazônia Legal, o estado registrou quase metade de todo o desmatamento.

     

    Desmatamento na Amazônia entre 2019/2020 por estados. — Foto: Fernanda Garrafiel/Arte G1

    Desmatamento na Amazônia entre 2019/2020 por estados. — Foto: Fernanda Garrafiel/Arte G1. Fonte: G1