Djuena Tikuna apresentou e mediou o evento

O Teatro José de Alencar, em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, abriu espaço para o projeto Pauta Indígena com uma programação online recheada de simbolismos, que recebeu o nome de “Maracá Nheenga”. A atividade, realizada pelo TJA em parceria com a Coordenadoria de Artes e Cidadania Cultural – CODAC – Secult-CE, aconteceu sábado (5), às 15h, com transmissão pelo canal do YouTube do próprio equipamento.

Nheenga, na linguagem indígena nheengatu (antigo tupi-guarani) possui traduções correspondentes à voz, fala, expressão falada. Assim, busca-se o que o maracá pode dizer. Querem-se ouvir as vozes do maracá. O maracá desta pauta em questão não é um qualquer, mas o maracá que carrega em si toda a força da simbologia indígena de vida e luta. O maracá que chama para a roda em seus rituais, em seus movimentos.

Desta forma, “Maracá Nheenga”, o evento online, contou com apresentação/mediação de Djuena Tikuna e Kennedy Tapeba (que também responde pela produção), e contou com uma roda de conversa que teve a presença de representantes da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME), Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará (FEPOINCE) e Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).

O ponto alto da programação foi a exibição dos episódios 4 e 6 – respectivamente, “Antropoceno” e “Genocídio” – da websérie MARACÁ, realizada pela APIB, que sai em defesa dos povos indígenas e contra as violações de direitos contra essas comunidades durante a pandemia de Covid-19. “Quando nossos maracás soam, estamos em movimento!”, sentencia o trailer; a temática da roda de conversa, assim, foi em torno do meio ambiente, bem como a resistência e articulação dessas comunidades na atualidade.

Sobre os convidados

Cacique Andrea Kariri – Indígena do povo Tapuya Kariri. Graduada em Pedagogia pela Faculdade do Médio Parnaíba (FAMEP), pós-graduada em Gestão e Coordenação Escolar, cursando Licenciatura Intercultural Indigena. É coordenadora da Microrregião do Estado do Ceará da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME) e vice-coordenadora da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará (FEPOINCE).

Cassimiro Tapeba – Indígena do Povo Tapeba. Puxador de toré e Bacharel em Engenharia Agrícola e Ambiental pela Faculdade Terra Nordeste (FATENE). É coordenador executivo da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME) e presidente da Associação das Comunidades Indígenas Tapeba de Caucaia (ACITA).

Dinamam Tuxá – De origem Tuxá, povo indígena que vive nos estados da Bahia, Pernambuco e Minas Gerais. Integrante da coordenação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB). É advogado com mestrado e doutorado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do movimento nas regiões do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo.

Djuena Tikuna – Nasceu na Aldeia Umariaçu II, na Amazônia brasileira. É uma cantora indígena do Estado do Amazonas e primeira jornalista indígena Tikuna formada no Estado, e fez história, em 2017, ao tornar-se a primeira indígena a protagonizar um espetáculo musical no Teatro Amazonas (Manaus), nos 121 anos de existência do local, onde lançou o álbum “Tchautchiüãne”, indicado ao Indigenous Music Awards, a maior premiação da música indígena mundial. Realizou também a primeira Mostra de Música Indígena – WIYAE do seu Estado. Atualmente a artista está fazendo um trabalho de pesquisa e documentação sobre a música Tikuna, dando voz à tradição de seu povo.

Kennedy Tapeba – Indígena do Povo Tapeba. Puxador de toré, pedagogo e professor indígena formado pela Faculdade Excelência. É presidente da Associação dos Professores Indígenas Tapeba (APROINT), coordenador da Articulação de Jovens Indígenas Tapeba (AJIT) e membro da Comissão de Juventudes do Ceará (COJICE).

Sobre a websérie Maracá

Dividida em oito episódios, a websérie, que resulta da live “Maracá – Emergência Indígena”, objetiva ampliar a rede de apoios e ajudar o movimento indígena no combate dos efeitos da pandemia do novo coronavírus. O material, veiculado no segundo semestre de 2020, resultou em recente polêmica após a líder indígena Sônia Guajarara, coordenadora executiva da Articulação dos Povos indígenas do Brasil (APIB), ter sido intimada a depor pela Polícia Federal após o material em questão possuir críticas ao atual Governo Federal; o inquérito foi provocado pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Sobre Antropoceno (episódio 4) – “Que era é essa? O que a humanidade fez ou o que desfez? O que construiu ou o que destruiu? A Terra está doente, nossa sociedade está doente. Mas a humanidade insiste em ver a doença e não o doente. De separar os que podem viver e os que não devem viver. Os indígenas ensinam que não existe o UM sem o OUTRO. Mãe Terra, olhai por nós! “

Sobre Genocídio (episódio 6) – “Em 2019, a cada minuto foram derrubadas mais de mil árvores ilegalmente na Amazônia. O estado do Amazonas registrou o maior número de queimadas dos últimos 22 anos. O Governo Bolsonaro tenta legalizar o crime de garimpo em território indígena. O agronegócio governa o País e amplia as políticas de violências contra a vida dos povos indígenas em todo o país”.

Projeto Pauta Indígena apresenta “Maracá Nheenga”, aconteceu no dia 5 de junho, às 15h, com transmissão pelo  YouTube do TJA.