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Foto: Radar News

Polícia descobriu por meio de imagens que carro de policial, que teve prisão decretada pela Justiça de Itabela, foi usado no crime

Detalhes da operação foram destacados pelos comandados da PM e Polícia Civil

Um soldado da Polícia Militar suspeito de participar da morte de dois indígenas se entregou, na manhã desta segunda-feira (30), na delegacia de Teixeira de Freitas. O policial de 31 anos, que é lotado na 87ª CIPM, chegou à unidade acompanhado de dois advogados após ter a prisão temporária decretada pela Justiça de Itabela na semana passada.

Os indígenas pataxó Samuel Cristiano do Amor Divino, 21 anos, e Nauí Brito de Jesus, 16, foram mortos a tiros na tarde do último dia 17, na BR-101, no distrito de São João do Monte, entre os municípios de Itabela e Itamaraju.

CÂMERAS IDENTIFICAM CARRO USADO NO CRIME

Segundo o coordenador regional da Polícia Civil, delegado Moisés Damasceno, as investigações levaram ao suspeito após análise de movimentações ocorridas na BR-101 e, especificamente, de imagens de câmeras de monitoramento. “Então, com essas imagens captadas e com outros recursos adotados durante a investigação, foi possível identificar que o crime foi praticado por ocupantes de um veículo SW4, prata, ano 2013, e que o carro vinha sendo utilizado por um PM de Teixeira de Freitas”, afirmou Damasceno ao RADAR.

PM PRESTAVA SERVIÇO DE SEGURANÇA

Na última sexta-feira (27), equipes da Força Integrada (FI) de Combate a Crimes Comuns envolvendo Povos e Comunidades Tradicionais da Secretaria da Segurança Pública cumpriram mandado de busca e apreensão em uma fazenda em Teixeira de Freitas onde o soldado prestava serviço de segurança privada. O suspeito não estava no local, mas os policiais aprendem armas, celulares e outros dispositivos eletrônicos num imóvel utilizado por ele. “Foram apreendidas quatro espingardas, que, com certeza, não foram utilizadas no crime. A gente acredita que o duplo homicídio foi praticado com uma pistola calibre 9mm”, frisa o delegado.

Moisés Damasceno destaca que as investigações só estão no começo e ainda não é possível saber a motivação do crime e nem afirmar se há outros envolvidos, até porque o policial ainda não foi ouvido. “Não nos contou nada ainda acerca da utilização do carro dele. Mas o que podemos dizer é que o veículo foi visto com ele no dia do crime. Então, ele tem que explicar: se não foi ele quem utilizou esse veículo para praticar esse crime, que foi?”, indaga Damasceno.

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Delegado Moisés Damasceno, coordenador da 23ª Coorpin. Foto: Radar News

CONFLITOS E TENSÃO NA REGIÃO

A fazenda para a qual o policial prestava serviço de segurança privada não está em conflito com os indígenas pataxó que reivindicam a demarcação de uma área de mais de dois mil hectares naquela região, de modo que não há como a polícia afirmar se os proprietários têm alguma implicação nos homicídios. “A gente não sabe ainda a motivação e, portanto, não é possível dizer se qualquer uma das pessoas relacionadas ao conflito estão diretamente ou indiretamente envolvidas no caso investigado”, declarou Moisés, acrescentando que, por determinação da Secretaria da Segurança Pública, as forças policiais continuam integradas na região.

 

UTLIZAÇÃO DE CÃES FAREJADORES

 O comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar em Porto Seguro, tenente-coronel Alexandre Costa, informou que o policial vai prestar depoimento na 23ª Coorpin, em Eunápolis, e depois ficará custodiado na sede do Batalhão de Choque da PM, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, aguardando as investigações. Ele detalha como foi a participação do 8º BPM nas buscas ao policial no último fim de semana. “Ao 8º BPM foi solicitado o emprego dos cães do seu pelotão de ações com cães, que são especialistas em busca de armas e drogas, pois existia a necessidade de tentar localizar a arma do crime. Esses cães foram utilizados também nos endereços relacionados ao alvo, mas não foi encontrada a arma do crime”, disse.

Comandantes das PMs em Porto Seguro e Eunápolis e o delegado regional

“A PM permanece fazendo policiamento ostensivo nas áreas de conflito, com apoio da Força Integrada, Batalhão de Choque, Caema e todas as unidades do extremo sul”, complementa.

Já o comandante da 7ª Companhia Independente de Polícia Militar em Eunápolis, major Vagner Ribeiro, afirmou que a unidade integra a Força Integrada e também está debruçada com vistas a esclarecer os crimes e prender os responsáveis. “Nós aumentamos o policiamento tanto na região de Itabela, como nas demais zonas rurais, justamente para coibir a circulação de armas de fogo e prevenir a ocorrência de crimes, com vistas à proporcionar maior segurança à comunidade”, diz.

CASO TEVE GRANDE REPERCUSÃO

O crime repercutiu no Ministério dos Povos Indígenas, em Brasília, e a titular da pasta, Sônia Guajajara, atribuiu a violência ao conflito por terra e instalou um gabinete de crise para acompanhar o caso. Já o governador Jerônimo Rodrigues determinou que a Secretaria da Segurança Pública implantasse a Força Integrada (FI) de Combate a Crimes Comuns envolvendo Povos e Comunidades Tradicionais.

Informações Radar News