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Trechos das rodovias ES 010 e ES 257, em Aracruz (norte do Estado), estão bloqueados desde às 7 horas desta quinta-feira (4) para passagem de caminhões. A ação é realizada por cerca de 300 índios Tupinikim e Guarani do município, em protesto ao descaso daSamarco/Vale-BHP em compensar as aldeias pelos impactos da lama da barragem rompida em Mariana (MG).

O protesto nas rodovias ocorre junto com a ocupação dos trilhos da ferrovia da Vale, dona da Samarco, que já dura uma semana. A empresa acionou a Justiça para reintegração de posse da área, mas os índios não estão dispostos a cumpri-la.
Segundo Vilson Tupinikim, o Jaguareté, o bloqueio das estradas foi motivado pela informação que chegou às aldeias de que, sem a ferrovia, a Vale estaria usando como alternativa o transporte terrestre até a Aracruz Celulose (Fibria) e ao Portocel.
Além de obrigar as empresas a repararem o dano do maior crime socioambiental do País, que completa três meses nesta sexta-feira (5) sem qualquer punição, os índios pretendem chamar atenção do governo do Estado, para que cobre providências e atue como intermediador nas negociações.
O impasse foi instalado na última quinta-feira (28), após reunião em que a Samarco e a Vale se negaram a compensar as dez aldeias existentes em Aracruz. As empresas propõem a execução de um plano emergencial, porém, apenas para as famílias da aldeia de Comboios, sob a alegação de que o impacto é restrito àquela área.
As lideranças ressaltam, no entanto, que a lama prejudica não só todo o território indígena de Aracruz, que abrange nove aldeias, como os rios e o mar do município, o que acabou com as áreas de pesca.
Desde que os rejeitos atingiram o município, há mais de um mês, os índios estão impedidos de exercer a pesca tradicional, sua principal atividade de subsistência, e de catar mariscos.
A restrita proposta das empresas é a mesma firmada por exigência do Ministério Público do Trabalho de Minas Gerais e do Espírito Santo aos pescadores e ribeirinhos, que destina o pagamento de um auxílio no valor de um salário mínimo por família (R$ 788), mais 20% para cada dependente e uma cesta básica, durante seis meses – 1º de março de 2016.
Os índios já haviam ocupado os trilhos da ferrovia da Vale no último dia 13, cobrando providências contra a maior tragédia socioambiental do País. Encerraram o protesto sob a condição de firmar acordo com as empresas, o que não aconteceu.
Mais uma vez, só pretendem liberar a ferrovia e as rodovias após as empresas atenderem às reivindicações.