Lajeado – Nesta semana, a aldeia Foxá recepciona visitantes para conhecer sua cultura. Só na tarde de ontem, seis grupos de diferentes escolas passaram pelo local. A programação da “Semana Cultural Indígena – Terra Indígena Foxá” deve ter continuidade hoje e se encerra amanhã. Para quem quiser participar, a tribo fica instalada no Bairro Jardim do Cedro, em Lajeado, na ERS-130, próximo ao Estádio Alviazul. Danças típicas, exposição de artesanato, jogos e experimentação de uma bebida ancestral dos caingangues, o kiki, são algumas das atrações do festival.

Na tarde de ontem, os 2º anos do Ensino Médio, do turno vespertino, da Escola Estadual Érico Veríssimo e o 4° ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Lauro Mathias Müller prestigiaram o evento. Para a pequena Agatha Kempfer de Moraes (9), o que mais lhe chamou atenção foi o arco e flecha apresentado pelo cacique Vicente Garcia. Antes da visitação, o único contato dela com os indígenas foi no Centro da cidade quando os avistou de longe. “Foi bem legal vir aqui, para ver como os índios são e como eles vivem”, conta. Ela não sabe que profissão quer seguir futuramente, mas garante que independente do que for, lutará pela causa indígena.

Pedro Garcia Pómág. No festival, os visitantes puderam experimentar da bebida. “Todos podem tomar, crianças e adultos. Ela só faz bem.”

Conforme a professora de Literatura da Érico Veríssimo, Magda Jandrey Pereira, conhecer a aldeia foi importante para conhecer a realidade. “No 2° ano, nós estudamos o período literário do romantismo e nele está presente os índios, porém é um índio romantizado. Aqui nós podemos conhecer a verdadeira história, saber mais da cultura. Temos que ter consciência que muitas vezes o que a gente lê sobre os indígenas, como o pagé mesmo disse, é essa visão romantizada”, diz.

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Conforme o cacique, a participação do público é especial. “Nós estamos muito contentes com os grupos que vieram aqui.” Para o futuro, o objetivo é que o festival ocorra novamente e com uma maior participação. “Hoje nós recebemos um bom número, mas na próxima vez queremos dobrar. Em 2012, o cacique Francisco fez o festival. Nós estávamos fazendo novamente em memória dele e queremos dar continuidade.” Para ele, todo o apoio foi significativo. “Os alunos vêm aqui e nos ofertam alimentos não perecíveis, isso tem nos ajudado muito.” Além disso, o cacique destaca a contribuição da secretaria de Cultura da Prefeitura de Lajeado, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Pastoral da Terra.

CUIDADO: cacique Vicente Garcia explica como o Kiki é preparado

Bebida ancestral kiki

A bebida kiki é composta por mel de abelha, plantas nativas e água, misturada com cascas de madeira. “Ela tem o poder de curar as doenças físicas e os males espirituais”, conta o pagé Pedro Garcia Pómág. No festival, os visitantes puderam experimentar da bebida. “Todos podem tomar, crianças e adultos. Ela só faz bem.”

O cacique explica que o preparo do kiki é feita pelo pagé, pois é preciso de um cuidado especial. As plantas usadas são selecionadas de uma mata que não tenha contaminação, além disso, o pagé conversa com os espíritos da natureza durante a preparação. “Você se sente melhor no momento que toma”, garante.

Fonte: Informativo do Vale