IMG_20190522_102545LIMA — A comunidade indígena de Fuerabamba, no Peru , decidiu impor um novo bloqueio na estrada que dá acesso à mina de cobre Las Bambas, uma das maiores do mundo, após sucessivas tentativas de negociações com o conglomerado chinês MMG. O novo bloqueio começou à meia-noite de terça-feira.A mina um depósito a céu aberto numa altitude de 4 mil metros, na região de Apurímac, faz parte do consórcio chinês que comprou os ativos da Glencore Xtrata da Suíça em abril de 2014, por quase US$ 6 bilhões. Ela produz cerca de 400 mil toneladas de cobre por ano, ou cerca de 2% da extração global do metal. O Peru é o segundo maior produtor de cobre do mundo, e Las Bambas é responsável por 1% do PIB do país.

Neste momento (a fazenda) Yavi Yavi está bloqueada, e a mineradora decidiu não transportar mais os minerais encapsulados — disse o deputado Americo Contreras, referindo-se ao terreno por onde passa a estrada.

A rodovia bloqueada é o único caminho para a empresa — subsidiária da estatal chinesa Minmetals — transportar sua produção de cobre e molibdênio de Las Bambas para o porto de Matarani, de onde os exporta para a China. No início do ano, a comunidade manteve por mais de dois meses um bloqueio ao acesso à mina, até chegar, em abril, a um acordo com a companhia.

Mas, segundo documentos obtidos pela Reuters, a MMG rejeitou as exigências dos indígenas, que classificou como “exorbitantes” e “inviáveis”. Alguns dos temas discutidos na última reunião, na segunda-feira, foram a proposta de pagamento de 150 mil soles (cerca de R$ 82 mil) para cada um dos membros da comunidade de Fuerabamba, uma compensação econômica por 500 postos de trabalho perdidos desde 2014, assim como pelo direito de uso da estrada, estimado em 20 milhões de soles (R$ 16,4 milhões).

Quando a mina começou a operar, em 2015, as comunidades no entorno passaram a conviver diariamente com o excesso de poeira causado pelo trânsito dos caminhões, que afeta o ar, as lavouras e a pecuária. Além disso, o governo anterior, do presidente Pedro Paulo Kuczynski — que renunciou em março de 2018, sob a ameaça de impeachment pelo Congresso —, declarou a estrada uma via nacional, sem, no entanto, pavimentá-la.

O Globo