EMBRAPA INDÍGENA

Agricultores familiares indígenas participaram de capacitação com vistas a qualificar a produtividades das lavouras de mandioca

 Lavouras de aldeias em Dourados foram prejudicadas pelas recentes ondas de calor

Embrapa capacita indígenas do MS para cultivo de mandioca Lavouras de aldeias em Dourados foram prejudicadas pelas recentes ondas de calor Agricultores familiares indígenas participaram de capacitação com vistas a qualificar a produtividades das lavouras de mandioca Christiane Comas/Embrapa – 18.dez.2023 PODER360 26.dez.2023 (terça-feira) – 7h00 O centro de pesquisa Embrapa Agropecuária e organizou em 12 de dezembro uma capacitação especializada em cultivo de mandioca voltada para agricultores familiares das aldeias indígenas de Dourados, no Mato Grosso do Sul.

A falta de manivas–folhas de mandioca– disponíveis para o plantio em aldeias indígenas localizadas em Dourados (MS) tem reduzido a produção de agricultores familiares. Desde 2020, a conservação e cultivo de lavouras de mandioca com a finalidade de produção de ramas de mandioca foram severamente prejudicadas.

Primeiro com o início da covid-19, depois com os longos períodos de estiagem e, em seguida, as ondas de calor recentes que causaram danos severos às lavouras das aldeias.

O vice-capitão da aldeia Bororó, Alex Rodrigues, explica que “a diminuição da quantidade de manivas disponíveis na aldeia tem preocupado”.

Maniva é um pedaço do tronco adulto da mandioca, conhecido também como rama, que é plantado para dar origem a uma nova planta de mandioca. Semelhante ao que a semente representa para as lavouras de soja ou ao que a muda significa para uma nova espécie arbórea.

A capacitação realizada na Escola Estadual Indígena Intercultural Guateka Marçal de Souza, em Dourados, teve como objetivo otimizar a capacidade produtiva de manivas, além de qualificar a produtividades das lavouras de mandioca.

“A Embrapa Agropecuária Oeste reconhece a relevância do cultivo de mandioca para economia, segurança alimentar, valorização da cultura indigena, desenvolvimento local, conservação ambiental e, por isso, está empenhada em contribuir com a solução do problema da falta de manivas”, disse o pesquisador e chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agropecuária, Auro Akio Otsubo. Ele ministrou a capacitação para os indígenas e falou dos aspectos culturais e nutricionais da mandioca, destacando sua relevância na alimentação das comunidades indígenas, seu uso e suas potencialidades.

“Trouxemos informações especiais sobre as estratégias de multiplicação de ramas (manivas). Assim, nosso objetivo principal foi compartilhar informações sobre o assunto e contribuir com a sensibilização dos agricultores indígenas sobre a importância da conservação das ramas de mandiocas e da relevância do trabalho feito com capricho e zelo nessa etapa do sistema produtivo de mandioca, pois a qualidade da rama está diretamente ligada aos resultados de produtividade.”

Otsubo também levou informações e algumas ramas da cultivar de mandioca BRS 429, lançada pela Embrapa em 2022. Esse material apresenta qualidade culinária e sabor, sua produtividade é cerca de 50% superior em comparação às variedades convencionais, com potencial para superar 60 toneladas por hectare.

Na capacitação, o técnico Júlio Aparecido Leal apresentou a mesa de corte de ramas, elaborada para proporcionar qualidade a essa etapa do processo produtivo. A mesa permite o corte adequado em tamanho uniforme, em grande quantidade e na direção correta, podendo ser utilizado tanto serrote quanto motosserra.

O evento foi uma realização da Embrapa Agropecuária Oeste em parceria com a Prefeitura Municipal de Dourados, por meio da Semaf (Secretaria Municipal de Agricultura Familiar). O responsável pelo Departamento de Produção da Semaf, Guilherme Cardoso Oba, destacou a importância do conhecimento que todos os participantes da capacitação tiveram acesso.

Em sua fala, ele fez um relevante paralelo entre o conhecimento e os insumos agrícolas que um dia acaba. “O conhecimento, por sua vez, nunca tem fim. Além disso, ele pode ser aperfeiçoado, replicado e compartilhado. Quanto mais você divide, mais tem”, declarou.

Oba enfatizou ainda a importância do conhecimento das questões técnicas relacionadas à adubação, controle de pragas e qualidade de produção e conservação de manivas como estratégias fundamentais para aprimorar a cultura da mandioca nas aldeias.

A indígena Ailza Cabreira cultiva mandioca há mais de 20 anos na Aldeia Bororó. Ela contou que aprendeu a cultivar mandioca com seu pai. “Achei muito bom e agora com tudo isso que aprendi, eu vou conseguir produzir mais e vou até voltar a vender o que sobrar”, declarou.

Jovelson Vasques Gonçalves, assessor-chefe do Gabinete do Procurador Marco Antônio Delfino de Almeida, do Ministério Público Federal de Dourados, participou da capacitação e considerou a capacitação muito interessante e produtiva. “A mandioca tem importância histórica para os indígenas, que já detém seus conhecimentos tradicionais de cultivo da mandioca, mas que com as informações técnicas da pesquisa poderão ter suas plantações aprimoradas e com melhores resultados produtivos”, comentou.

Fonte: Poder 360