Índios dançam e cantam no Parque, no rio de Janeiro Fotos: Guilherme Pinto

O Parque Lage, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro, se transformou em uma grande aldeia, neste final de semana. Indígenas de diferentes etnias estão reunidos no local para abrir as comemorações do Dia do Índio – festejado na próxima quinta-feira (19). O evento – que se estende durante esse domingo, das 9h às 17h – é realizado pela Associação Indígena Aldeia Maracanã (AIAM) em parceria com a Secretaria de Cultura e a Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV).

Natural de Águas Belas, em Pernambuco, o índio Txow Tlhaka, de 43 anos, da tribo Fulni-ô disse que viajou três dias de ônibus com mais 40 pessoas da mesma aldeia para apresentar um pouco de sua cultura para os cariocas.

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-Esse evento é importante, porque podemos mostrar que a nossa cultura é viva e não está apenas nos livros de história. O homem branco precisa saber que existem centenas de aldeias com milhares de índios espalhados por todo o Brasil. Esse contato é bom, porque a gente tira um pouco do preconceito das pessoas. Somos um povo com costumes diferentes e que tem um contato muito grande com a natureza. Mas isso não quer dizer que não trabalhamos pelo nosso povo – argumenta Txow, que é o tirador de cânticos da tribo, e no evento representa uma comunidade com mais de 8 mil habitantes.

Quem passar pelo Parque Lage também vai poder ter um contato com as cores do artesanato, o grafismo das pinturas corporais e a riqueza musical dos povos ancestrais. Indígenas Pataxó, do Sul da Bahia, Kaingang, do Rio Grande do Sul, povos xinguanos, como Kamayurá e Yawalapiti do Alto Xingu, Tukano, do Amazonas, Guajajara, do Maranhão, Kariri-Xocó, Potiguara e Fulni-ô, do Nordeste, são alguns dos povos indígenas que estão no local, ao lado dos povos Guarani e Puri, habitantes do Rio de Janeiro.

Cacique Carlos Tukano, presidente da Associação Indígena Aldeia Maracanã

Para o cacique Carlos Tukano, presidente da Associação Indígena Aldeia Maracanã, o grande objetivo do evento é fazer com que o homem urbano as reivindicações do povo indígena:

-As pessoas não conhecem a nossa história. E por isso não entendem os nossos costumes e nossas demandas. A gente quer capacitação para o nosso povo, queremos a demarcação das terras indígenas e queremos respeito. Por isso que essa troca de cultura é tão importante.

Crianças entram no clima

A professora Cristina Rodrigues, de 52 anos, levou o filho Daniel Rodrigues, de 11, para brincar e conhecer um pouco mais sobre a cultura dos povos ancestrais. E para entrar no clima, o pequeno estava caracterizado com penas e pinturas no rosto.

-Tenho uma admiração e um respeito muito grande por esse povo. Já levei o meu filho para a Amazônia e ficamos apaixonados pela cultura das tribos de lá. Acho importante passar para os mais novos a importância dos nossos índios. É preciso conhecer para preservar – comenta a Cristina.

A diarista Rosilene do Nascimento, de 55, aproveitou o dia de folga e foi ao Parque Lage com o namorado e a neta Foto: Guilherme Pinto.

– Minha filha tinha visto na internet e falou que seria um bom programa para poder levar a minha neta. Ela estava certa, porque a Júlia está adorando as danças e os cânticos dos índios. Temos que valorizar a nossa história.

Fonte: Extra