cacique aruã br

Indígenas de diferentes etnias protestaram nesta quarta-feira (13), noDistrito Federal e em seis estados, contra mudanças retendidas pelo governo de MichelTemer para o comando da Fundação Nacional do Índio (Funai). O nome do general do Exército Franklimberg Ribeiro de Freitas não é aceito pelo grupo.

Os protestos foram registrados em Manaus (AM), Oiapoque (AP), Passo Fundo (RS), Curitiba (PR), Rio Branco (AC), Maceió (AL) e Porto Real do Colégio (AL). Além de questionar o novo comando da Funai, os manifestantes pediam a manutenção das regras atuais de

demarcação de terras. Projeto de lei que tramita no Congresso prevê a transferência dessa função do Poder Executivo para o Legislativo.

Por pressão das comunidades indígenas, o presidente interino, Michel Temer, já havia desistido da indicação do também general da reserva Sebastião Roberto Peternelli Júnior para o cargo. O novo indicado, segundo os índios, tem o mesmo perfil e também não poderia assumir a presidência da Funai.

Em Brasília, o ato ocorreu em frente à sede da Funai, em Brasília. Os funcionários do órgão foram liberados por causa do ato. Os manifestantes pedem a indicação de um representante da causa indígena.

Um dos líderes dos guarani-kaiowá, Natanael Vilharba diz que o governo tem “desrespeitado os índios”. “Nós nos opomos às mudanças feitas na Funai. O governo tem tentado desestruturar o órgão e a nossa luta.” 

O grupo seguiu em marcha para o Ministério da Justiça no início da tarde, onde líderes foram recebidos pelo ministro interino José Levi. O ato reuniu representantes de etnias pataxó, jê, xakriabá, guarani-kaiowá, javaé, karajá, e kamaiurá. Eles vieram de estados como Tocantins, Goiás e Mato Grosso.

Um carro do Detran fazia a proteção do grupo em meio ao trânsito. A Polícia Militar foi dispensada pelo presidente em exercício da Funai, Artur Nobre. Com gritos de “quem não pode com o índio não invade a terra dele”, os indígenas pediam também demarcação das terras

Outros estados
Em Manaus (AM), índios fizeram uma caminhada até a sede local da Funai, que também foi ocupada. Cerca de 500 pessoas participaram da manifestação. Lideranças chamaram a atenção para ameaças a direitos constitucionais e a possibilidade de mudanças nas regras de demarcação de terras.

Em Oiapoque (AP), a 590 km da capital Macapá, índios bloquearam trecho da BR-156, que cruza o estado e termina na divisa com a Guiana Francesa.

Pelo menos 80 indígenas ocuparam, pela manhã, a sede da Funai em Rio Branco (AC). Segundo os povos, o ato faz parte de um movimento nacional contra o atual cenário político brasileiro que pede que os direitos dos indígenas sejam respeitados. Onze etnias participaram.

índios, BR, Amapá (Foto: Reprodução/Rede Amazônica no Amapá)Índios bloqueiam trecho da BR-156 em Oiapoque, no Amapá (Foto: Rede Amazônica/Reprodução)

Em Alagoas, houve atos registrados em Porto Real do Colégio e em Maceió. Na capital do estado, grupos protestaram contra as mudanças na Funai. No interior, representantes da tribo Kariri Xocó pediam a garantia de terras após uma ordem de desocupação expedida pela Justiça.

Um grupo de 20 indígenas tambémocupou a sede da Funai em Curitiba (PR)na manhã desta terça. A coordenação do órgão afirma que o movimento é pacífico e que a instituição passa por crise sem precedente.

Em Passo Fundo (RS), o protesto reuniu cerca de 90 indígenas segundo estimativa da PM, e 120, segundo os próprios organizadores. Eles contestaram o corte de servidores e cobraram melhorias no órgão, que diz ter 35 funcionários para atender 32 mil indígenas na região.

Indígenas estendem faixa em frente ao Ministério da Justiça, no centro de Brasília nesta quarta-feira (13), durante protesto (Foto: Alexandre Bastos/G1)Indígenas estendem faixa em frente ao Ministério da Justiça, no centro de Brasília nesta quarta-feira (13), durante protesto (Foto: Alexandre Bastos/G1)

Polêmica
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou no dia 5 de julho, após se reunir com lideranças indígenas, que ogeneral da reserva Sebastião Roberto Peternelli Júnior, indicado pelo PSC para a presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai), não assumirá o posto porque o governo procura alguém com “outro tipo de perfil”.

A indicação do general motivou uma reunião no Planalto, entre Moraes, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e lideranças indígenas.

Em troca do apoio do PSC no Congresso Nacional, o governo havia acertado que caberia ao partido indicar um nome para a presidência do órgão, e a legenda sugeriu Peternelli Júnior. A informação de que o general estava indicado para o órgão, vinculado ao Ministério da Justiça, foi divulgada na edição desta quarta do jornal “Folha de S.Paulo”.

“Não há nenhum veto pessoal ao indicado pelo PSC, mas não será ele o presidente da Funai, porque já estamos em negociação com outro tipo de perfil e coloquei isso na reunião [com os índios]. Estamos procurando um perfil que já tenha um perfil histórico de diálogo com

as comunidades indígenas para aquilo que estamos planejando”, disse o ministro na ocasião.

Indígenas protestam em Brasília contra indicação de outro general para presidente da Funai e pedem demarcação de terras (Foto: Alexandre Bastos/G1)Indígenas protestam em Brasília contra indicação de outro general para presidente da Funai e pedem demarcação de terras (Foto: Alexandre Bastos/G1)