slvar pelo espirito Yandê

A colonização deixou marcas profundas na memória dos povos que passaram e ainda passam por muitas formas de violência física, psíquica e espiritual. As águas ficaram salgadas de lágrimas das diferentes nações indígenas e vermelhas de sangue em todo o continente americano. Contar nossa história é também tocar em nossa ferida e todas lembranças dolorosas do passado.

O trauma histórico é uma realidade que não pode ser ignorada pela população indígena e por todos aqueles que são filhos do massacre. Reparação e reconhecimento é uma forma de encontrar justiça daquilo que jamais vai ser esquecido. Existe uma dor que atravessa gerações e é ela que alguns estão buscando curar pois acreditam que impede uma vida saudável e em harmonia com a terra. Esse é um trauma coletivo que causou lesões emocionais e psicologicas não diferente de genocídios em todo o mundo. A primeira etapa para a cura é reconhecer as feridas e a origem de muitos sentimentos de raiva ou tristeza. Curar não é esquecer ou apagar a lembrança mas transformar no interior de cada um em sabedoria o que foi vivenciado para que não cause danos para as futuras gerações. Na visão de muitos povos a própria Terra é uma vítima de trauma por todo processo sofrido de anos aos seres vivos e meio ambiente.

A mágoa, ódio e o rancor intoxicam o espirito e em culturas indígenas os responsáveis pela medicina alertam todos sobre os perigos de muitas formas de ficar doente ou ser vítima de energias das quais podem conduzir para a morte não apenas do corpo mas do ser. O resultado desta poluição por meio dos pensamentos e emoções são formas de doença das quais enfrentamos como alcoolismo, depressão, desvios psicológicos e muitos outros males.

Assistimos o suicídio de jovens e adultos que enfrentam conflitos culturais ao serem expulsos de suas terras ancestrais. As causas passam por situações de violência, preconceito e até mesmo genocídio de seus povos por não indígenas que ainda hoje cobiçam terras indígenas. A falta de perspectiva de vida pela difícil realidade e baixa autoestima arrastam muito para armadilhas.

Já existem trabalhos realizados na área da psicologia de superação do trauma histórico e também nas medicinas da floresta. Alguns indígenas e profissionais da área de saúde tem tomado a iniciativa. Embora o assunto seja mais estudado em outros países como os Estados Unidos.

A diretora do dle No More Washington,Sweetwater Nannauck, é uma ativista indígena conhecida por sua busca em ajudar na superação do trauma histórico.

“Precisamos curar a nós mesmos, também. Então eu olho para o ativismo em mais de uma forma holística. Também traz a cura para vocês mesmos, cura para a Terra, a cura para os nossos antepassados, e para as gerações futuras. “, acredita Nannauck.

Por meio de reuniões, cerimonias, intercâmbios interculturais e rodas de conversa muitos encontram formas de conversar sobre o tema e limpar o espirito.

Redação Yandê