a-etnoeco

Além da situação das Bapes, a comissão também irá discutir a gestão e atuação regional da Funai no Vale do Javari

*Náferson Cruz

O possível fechamento das Bapes (Bases de Proteção Etnoambiental) pode colocar em risco a segurança do território e a própria vida dos indígenas que habitam o Vale do Javari, no Oeste do Amazonas. Para refrear a descontinuidade das operações nestas bases, uma comitiva da União Indígenas dos Povos do Vale do Javari (Univaja), associação que lidera as organizações de base indígena, foi enviada a Brasília para tratar da questão.

Além da situação das Bapes, criadas para pacificar os conflitos na Terra Indígena Vale do Javari (TIVJ), o que permitiu o crescimento da população indígena na região, consta na agenda de trabalho, a discussão sobre a gestão e atuação regional da Fundação Nacional do Índios (Funai) no Vale do Javari.

A proposta consiste em debater as políticas públicas e constituir uma linha de ação sobre a relação entre índios contatados e índios isolados, imprescindível para uma atuação de Estado coordenada na região.

O assessor jurídico da Univaja, Eliésio Marubo, também presidente da Liga Amazonense de Apoio ao Portador de Hepatite e Controle Social (Yura-Ná), informou que a reunião que vai tratar da situação das Bapes, atuação da Funai e do apoio à saúde no Vale do Javari, está marcado para o dia 9 (quarta-feira). Enquanto isso, a comitiva liderada pelo presidente da Univaja, Paulo Kenampa, participa da conferência sobre “mudanças climáticas”, no Centro de Formação Vicente Cañas, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em Luziânia (GO). O encontro discute as temáticas relacionadas às principais causas e também conseqüências das mudanças climáticas na vida das populações nativas.

Exigências

Como forma de amenizar parte dos problemas, a Univaja exige que o Ministério da Justiça promova um debate com os povos indígenas por meio do Conselho Nacional da Política Indigenista (CNPI), para efetivar o fortalecimento de parcerias com organizações indígenas. “Somente com essas parcerias podemos desenvolver as política de saúde e proteção indígenas, bem como, fortalecer as Bapes”, comentou o assessor jurídico da Univaja, Eliésio Marubo.

Saúde

O apoio à saúde no Vale do Javari também entrará na pauta do dia 9. Segundo Paulo Kenampa, as ações básicas de saúde em todas as aldeias indígenas são realizadas de forma paliativa e ineficiente, faltam medicamentos e materiais médico-hospitalares básicos quase em todas as aldeias no Vale do Javari. Há, ainda, a dificuldade de acesso e de remoção de pacientes graves e a falta de estrutura para a atuação dos agentes de saúde não são os únicos problemas.

Massacre aos povos indígenas

Em um trecho da “carta de manifesto”, representada pela Univaja, relata que “quando não se tinha as Bases de Proteção Etnoambiental no Vale do Javari, muitos indígenas sofreram com massacres e foram mortos.