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 Indígenas do Pará viajaram 2 mil quilômetros para trocar experiências com comunidade que vive em oásis de floresta protegida e com fartura de alimentos

*Daniel Biasetto

Em contraste com as tragédias que assolam os ianomâmis e os guarani kaiowá na luta pelo seu território, um oásis de floresta protegida e com fartura de alimentos desponta no Oeste do Acre, na fronteira com o Peru, onde está a aldeia Apiwtxa, na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia.

Uma área de floresta amazônica preservada, com rio limpo, animais bem alimentados e imensas árvores que atraem pássaros sagrados. Nela, os ashaninkas colhem o que plantaram há 30 anos, quando conseguiram a demarcação.    Orgulhosos por sua resistência às invasões de madeireiros e de seringueiros e pelo reflorestamento de 3 milhões de árvores nos 87,2 mil hectares de sua área, eles são um exemplo de segurança alimentar, autossuficiência e preservação da cultura, cosmologia e espiritualidade. A comunidade Apiwtxa ganhou em 2017 o Prêmio Equatorial das Nações Unidas, dado a iniciativas indígenas para a redução da pobreza e o desenvolvimento sustentável.

Ainda preocupa a pressão de narcotraficantes e a construção de estradas do lado peruano, mas os ashaninka investem parte de suas receitas em tecnologia para monitorar suas terras.

O sucesso dos parentes do Acre despertou a curiosidade de um grupo de líderes e guerreiros caiapós, que percorreu mais de 2 mil quilômetros, desde o sul do Pará, na divisa com Mato Grosso, para um encontro inédito das duas etnias.