Os 2 mil hectares onde vivem pouco mais de 3 mil indígenas divididos em sete comunidades estiveram presentes no Carnaval de Campo Grande. Os terena da aldeia Buriti levaram para a avenida mais que sua cultura, o clamor pela demarcação das terras indígenas.

Homenageados pela escola Unidos do São Francisco, dentro do samba enredo “Índios e os seus costumes”, o convite chegou da presidência até o cacique da aldeia e resultou nos 16 guerreiros que fizeram a comissão de frente.

“A gente aproveitou esse espaço para clamar por demarcação do nosso território, aproveitando a visibilidade que o Carnaval dá e assim como a Imperatriz fez no Rio, quisemos aproveitar aqui”, conta Ukuyo Terena, de 24 anos.

Ukuyo fala como o Carnaval deu visibilidade ao índio em 2017. (Foto: André Bittar)

Ukuyo fala como o Carnaval deu visibilidade ao índio em 2017. (Foto: André Bittar)

Vice-cacique da aldeia, Lourival Pinto Alcântara, de 31 anos, explica que a dança “bate-pau” é a representação do que os terena vivem. “Nós vamos lutar para retomar a nossa área de novo. Trouxemos para a avenida o recado de que estamos vivos e vamos lutar por nossos direitos e a nossa terra”, enfatiza.

Além de mostrar a cultura, a demarcação foi a principal bandeira erguida pelos terena que pela primeira vez entraram no desfile. “Nós nunca tivemos dentro de um lugar deste de Carnaval”, frisa.

E foi surpresa para quem estava assistindo e se viu representada. Terena da aldeia de Distrito de Taunay, Ana Luz Dias, de 29 anos, saiu do bairro Santa Mônica para conferir o desfile. “Estou filmando para mostrar para a gurizada de casa que não pode vir”, fala.

“Eu achei muito legal, porque sou terena e não sabia”, completa.

Além de mostrar a cultura, a demarcação foi a principal bandeira erguida pelos terena. (Foto: André Bittar)

Além de mostrar a cultura, a demarcação foi a principal bandeira erguida pelos terena. (Foto: André Bittar)

Terena representam os mais de 3 mil índios que pertencem à Buriti. (Foto: André Bittar)

Terena representam os mais de 3 mil índios que pertencem à Buriti. (Foto: André Bittar)

Vice-cacique conta que grupo veio de van depois do cacique ter autorizado participação. (Foto: André Bittar)

Vice-cacique conta que grupo veio de van depois do cacique ter autorizado participação. (Foto: André Bittar)

Arildo agradece o reconhecimento tido, de que eles são os donos da terra. (Foto: André Bittar)

Arildo agradece o reconhecimento tido, de que eles são os donos da terra. (Foto: André Bittar)

Diretor da Unidos do São Francisco, Youssef Lindoia, de 52 anos explica que desde a composição do samba-enredo, o convite foi feito à aldeia Buriti. “Quando a diretoria resolveu fazer o desfile falando sobre os índios, nós achamos essa aldeia incrível e que fez nossa comissão de frente muito bonita”, elogia.

Apesar de pequena, o diretor acredita que a escola tem chances de ir para o grupo especial, por sair organizada e com todos os quesitos preenchidos. “Queremos trazer alegria para a avenida e falar sobre o povo indígena, que é da nossa terra”, ressalta.

Terena, também da aldeia Buriti, Arildo Alcântara, de 37 anos, agradece pela homenagem. “Algumas pessoas lembram da comunidade indígena e veem índio como cidadão e primeiro habitante deste lugar. A gente fica assim, muito orgulhoso e contente, porque o enredo traz isso, de valorizar o verdadeiro dono dessas terras que somos nós. E é apenas essa importância que queremos ganhar, respeito ao nosso lugar e aos nossos direitos”, explica.

A apuração das notas dos jurados acontece na quarta-feira de Cinzas, dia 1, a partir das 17h, na Praça do Rádio Clube.

Comissão de frente foi montada pelos terena da aldeia Buriti. (Foto: André Bittar)

Comissão de frente foi montada pelos terena da aldeia Buriti. (Foto: André Bittar)

Escola levou índios ao desfile pela primeira vez. (Foto: André Bittar)

Escola levou índios ao desfile pela primeira vez. (Foto: André Bi

Fonte: Campo Grande News