Dentista de São José faz trabalho voluntário em tribos indígenas no Amazonas (Foto: Arquivo Pessoal/ Laura Gutierrez) – G1

“Sempre falo que é tão pouco o que a gente faz, é tão pequeno, mas esse pouco já faz a diferença”, afirma Laura Gutierrez.

O melhor pagamento para um voluntário é ver um sorriso no rosto de alguém. Levando a ideia ao pé da letra, uma cirurgiã dentista de São José dos Campos representou a região em um projeto que tem feito a diferença para comunidades indígenas no norte do país. O grupo passou uma semana em um ‘barco hospital’, visitou três tribos e realizou mais de 100 atendimentos odontológicos.

A Laura Gutierrez foi uma das 18 pessoas que participaram de uma ação de uma igreja evangélica na região metropolitana de Manaus (AM) entre os dias 15 e 22 de julho, a única do Vale do Paraíba. Lá, o grupo realizou trabalhos sociais com as tribos indígenas Agapenu, Moyray e Muritinga.

“Eu me voluntariei através dos meus trabalhos na igreja e porque esse barco sempre está precisando de pessoas. É por isso que a gente leva isso à frente, para motivar outras pessoas a ajudarem”, afirma a voluntária.

Durante os dias que ficaram na região, ela e mais duas cirurgiãs dentistas fizeram 104 atendimentos odontológicos. Para garantir o serviço a todos, o projeto contou com doações de materiais e equipamentos. Assim, foi montado um consultório dentro da embarcação e também levados equipamentos portáteis, que possibilitavam que algumas consultas fossem feitas em terra.

Apesar de ter feito parte da transformação na vida dos indígenas atendidos, Laura foge de qualquer rótulo que a coloque em destaque. Ela também afirma que a profissão dela foi um meio encontrado para ajudar o próximo, mas não é a única maneira – inclusive, a voluntária, que realiza trabalhos sociais desde 2008, já participou de ações que não eram ligadas a área profissional dela.

“Sempre falo que é tão pouco o que a gente faz, é tão pequeno, mas esse pouco já faz a diferença. A união dessa equipe fez a diferença. Uma pessoa com uma tesoura, uma pessoa para pintar uma unha consegue trazer alegria. Precisa ter segundo ou terceiro grau [de escolaridade] para ajudar alguém? Não precisa”.

Ao todo foram 18 voluntários do estado da regional de São Paulo atuando no Amazonas (Foto: Divulgação/Igreja Metodista) Ao todo foram 18 voluntários do estado da regional de São Paulo atuando no Amazonas (Foto: Divulgação/Igreja Metodista)

Ao todo foram 18 voluntários do estado da regional de São Paulo atuando no Amazonas (Foto: Divulgação/Igreja Metodista)

Embarcação

O barco hospital foi doado para a Igreja Metodista de São Paulo em 2003 e desde então faz trabalhos em regiões carentes de difícil acesso. Na área de Autazes, por exemplo, o grupo ficou cerca de 17 horas navegando até chegar ao ponto onde realizou os atendimentos. De acordo com a coordenadora do projeto no estado, Nadieliz Foizer, eles perderam um dia de atendimento porque ficaram encalhados.

Para Nadieliz, que atua no barco há quatro anos, foi satisfatório perceber que além do tratamento, eles têm ensinado aos índios a importância do tratamento preventivo. “Infelizmente ainda são muitos casos de exodontia [extração do dente], mas vemos que o pessoal melhora, fica cafa vez mais preocupados. Antes o número era maior, mas agora fazemos muitos atendimentos mais simples, de restauração.

Além dos serviços odontológicos, o grupo atua também em outros setores da saúde, faz um trabalho com as crianças, auxilia na promoção social do grupo e também na educação espiritual. Os responsáveis afirmam que não é necessário ser ligado a igreja para contribuir com a missão. Os interessados em colaborar de alguma forma devem seguir os passos explicados no blog do projeto.

“Eu conheci três comunidades indígenas e trabalhei como cirurgiã dentista para fazer o atendimento deles. [O local onde eles moram] É uma área muito bonita. Já viajei muito pelo mundo, mas vou te contar que esse foi um dos lugares mais bonitos que conheci na vida. Quem sabe na próxima a gente não consegue mais pessoas para levar algo ao próximo, ajudar quem precisa?”, diz Laura.

(*) colaborou Guilherme Machado