Venezuela: índios são mortos durante ação militar na fronteira com Brasil
REUTERS/Ricardo Moraes
Pelo menos duas pessoas morreram nesta quinta-feira (22) durante uma ação das forças venezuelanas na comunidade indígena de Kumarakapay, na fronteira com o Brasil, informou o deputado Américo de Grazia, em entrevista exclusiva à RFI. Vários moradores ficaram feridos. Revoltados, os indígenas capturaram o chefe da Guarda Nacional da Venezuela.
O ataque teria acontecido no momento em que os membros da Guarda Nacional estavam reforçando o bloqueio da fronteira do país, cumprindo as ordens do presidente Nicolás Maduro para impedir a entrada da ajuda humanitária. Os índios teriam tentado impedir a ação das forças venezuelanas, que revidaram com tiros.
“Os indígenas de Kumarakapay montaram um bloqueio para impedir que as equipes militares pudessem voltar a Santa Elena de Uairén (cidade venezuelana perto da fronteira) para reprimir os cidadãos que esperam a ajuda humanitária”, contou Américo de Grazia, deputado da oposição. Segundo ele, o comandante general da Guarda Nacional do estado de Bolívar, coronel José Miguel Montoya Rodríguez, lançou uma ação para conter os indígenas “com armas e com balas”.
“Lamentavelmente, uma senhora foi atingida em sua casa, diante de seu filho, por uma bala perdida. Trata-se de Zoraida Garcia Rodríguez, vendedora de empanadas em Kumarakapay”, explicou o parlamentar em entrevista à RFI. Ainda segundo Américo de Grazia, outro indígena morreu logo depois.
O confronto deixou cerca de 15 feridos entre os índios. Algumas vítimas foram transportadas para o Brasil, apesar do fechamento da fronteira. “Cinco pacientes venezuelanos estão sendo atendidos no HGR (Hospital Geral de Roraima). Todos estão com ferimentos por arma de fogo”, informou a Secretaria Estadual de Saúde de Roraima em um breve comunicado, que acrescenta que todos chegaram à unidade “em duas ambulâncias da Venezuela, acompanhados por uma médica venezuelana”.
De acordo com o deputado, diante das mortes, os moradores capturaram o comandante general da Guarda Nacional. “Nesse momento ele está nas mãos da comunidade indígena de Kumarakapay”, relatou o parlamentar nessa sexta-feira (22). “Essa foi uma ação criminosa. Tudo isso para impedir que a ajuda humanitária entre em nosso país”, deplorou Américo Grazia.
O confronto aconteceu poucas horas após Nicolás Maduro anunciar o fechamento total da fronteira terrestre de seu país com o Brasil. A decisão foi tomada dois dias antes da data prevista para a entrada da ajuda humanitária solicitada pelo líder da oposição, Juan Guaidó.
Fonte: RFI