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O coração do índio sangrava toda vez que via um irmão ou irmã deixando a tribo, em busca de conhecimento, longe da família, onde foi criado e tinha raiz. Era uma dor que só quem vive na coletividade sabe. As palavras são acompanhadas de lágrimas da Cacique Antônia Feitosa de Souza (Toinha Tabajara), uma mulher forte, determinada, mas que cedia ao ver a tribo perdendo a essência, com a incerteza do futuro. “Com essa escola que chega para nossa comunidade, a alegria e o otimismo voltaram, nossos índios e índias vão ficar em casa, aqui vão ensinar nossos curumins. Temos projetos de agricultura familiar e isso vai garantir nossa essência, viver em grupo, em coletividade”, festejou a cacique.

A Escola Indígena Aba Katu, que significa “índio bom” na etnia Tabajara, foi inaugurada nesta quinta-feira (30), pelo governador Camilo Santana, pela secretária da Educação Eliana Estrela e pelo prefeito de Monsenhor Tabosa, Jeová Madeiro. Um investimento de R$ 2 milhões, oriundos dos governos Estadual e Federal, para construção, mobiliário e equipamentos. A obra foi supervisionada pelo Departamento de Arquitetura e Engenharia do Ceará (DAE).

Durante a solenidade de inauguração, os índios receberam a comitiva do governador, seguindo as tradições indígenas, com muita música e danças tradicionais, celebrando a alegria e a prosperidade. Os indígenas convidaram Camilo a plantar uma muda de árvore no pátio de entrada da escola. “Nada me dá mais prazer do que investir em educação, é saber que daqui dessa escola muitos jovens em breve estarão nas universidades. E inaugurar essa escola é valorizar e garantir direitos a quem tanto merece. Devemos muito aos índios e por eles trabalharemos muito mais”, finalizou o governador. Participaram ainda da solenidade, o secretário do Planejamento e Gestão Mauro Filho, o deputado estadual Jeová Mota, além de autoridades locais.

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A Escola Indígena Aba Katu
O projeto arquitetônico é adequado ao cotidiano do povo indígena e dispõe de quatro salas de aula, laboratório de informática, biblioteca, dependências administrativas, salas de professores, cozinha e área específica para a prática de ações como danças tradicionais. A Escola tem capacidade para atender até 480 alunos e oferece Educação Infantil, Ensino Fundamental (anos iniciais e finais), além da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de Ensino Fundamental (anos finais) e Médio.

A unidade de ensino funcionava há 11 anos como uma extensão de matrícula pertencente à Escola Indígena Povo Caceteiro, sediada na Aldeia Mundo Novo, no mesmo município. Uma casa, doada pelo Pajé Francisco Rodrigues Filho, conhecido como Franciné, abrigou neste período a escola, chamada de Anexo Rajado.

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A Escola Indígena Aba Katu desenvolve o seu Projeto Pedagógico com o objetivo de revitalizar os princípios morais e éticos, implantando uma educação contextualizada e interdisciplinar com a arte do saber e do bem viver cultural. Para isso, usa teorias e práticas da agricultura familiar voltadas ao desenvolvimento sustentável, cultural, tradicional, social, político, econômico e profissional.

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Educação Indígena no Ceará
O Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Educação (Seduc), desenvolve ações de apoio à implementação da educação escolar para as diversas etnias presentes no estado, contribuindo para a afirmação dos povos indígenas do Ceará como sujeitos de direito, garantindo-lhes o direito à escola, à aprendizagem, aos conhecimentos universais e àqueles que fortaleçam as suas identidades étnicas e de sua pluralidade cultural.

A rede de escolas indígenas conta com 39 unidades estaduais, pertencentes a 14 etnias, distribuídas em 16 municípios. São cerca de 7 mil alunos atendidos com a oferta da educação infantil ao ensino médio regular, além da modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA).

A Escola Indígena Aba Katu faz parte da Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede) 13, sediada em Crateús e dirigida pela professora Fátima Aragão. Além de Monsenhor Tabosa, a Crede abrange os municípios de Ararendá, Catunda, Independência, Ipaporanga, Ipueiras, Nova Russa, Novo Oriente, Poranga e Tamboril.

A rede pública estadual na região conta com 40 escolas, sendo 15 regulares, 06 profissionais, 05 de ensino médio em tempo integral, 11 indígenas, 01 do campo, 01 Escola Família Agrícola (EFA), 01 Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja), além de um Centro Cearense de Idiomas (CCI).

Ascom