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Kayna Munduruku, militante do movimento indígena Foto: Amanda Guimarães

Elas querem #reconhecimento.

“Meu sonho é fazer com que os nossos povos sejam reconhecidos como habitantes de toda terra, pois sofremos preconceito diariamente por sermos índios. Sou Kayna Munduruku, militante do movimento indígena no Estado do Amazonas.

Moro em Manaus há dois anos, mas nasci em uma aldeia, e sei da realidade que todos os meus irmãos enfrentam diariamente nas nossas comunidades. Desejo o desenvolvimento de mais políticas públicas nas aldeias.

Procuro sempre reivindicar por meio de manifestações fazer valer os nossos direitos. Sonho que sejamos lembrados pelas autoridades e também nas escolas, com o estudo da língua tupi-guarani no Brasil. As crianças precisam aprender o significado do ‘índio’ em um país diversificado.

Sendo apenas os meus desejos, sempre irei lutar por aquilo que acredito, pois é meu lema de guerreira e mulher”. 

Reportagem: Amanda Guimarães e Camila Pereira 

Elas querem #igualdade.

“Eu sou Rosaly Pinheiro, radialista, professora, comunicóloga, militante, dentre outra coisas que já fiz na vida. Sou negra, feminista e LGBT. Filha de Everaldo da Silva, negro, e Maria Pinheiro, branca, pobre e indígena. Na época, casamento de negros com brancos não eram bem vistos por aqui e muito menos as crianças nascidas de relações como essa.

Sofri preconceito e discriminação na escola quando criança, não só por colegas, mas até por professores e diretores. Era apelidada, falavam dos meus cabelos. Foi muito desagradável. Cheguei a ser proibida de entrar na escola por não estar de farda, por uma diretora. Ela disse: ‘se a sua mãe é capaz de lavar as minhas roupas, ela pode fazer alguma coisa pra te conseguir um uniforme’. Foi humilhante.

Fiz curso de magistério no Instituto de Ensino do Amazonas para dar aulas e lá, fui convidada para fazer parte da militância estudantil. Daí conheci e virei militante, para lutar por meus direitos e ideologia. Participo hoje do Movimento LGBT, como coordenadora geral da Articulação das Mulheres Homoafetivas e Aliadas do Amazonas. Do Fórum Permanente das Mulheres de Manaus. Da Liderança do Fórum LGBT do Amazonas e do Fórum Afro-descendente do Amazonas.

Eu me vejo como um ser humano. Nasci mulher. No primeiro momento não entendi o que era ser mulher. Tive que aprender. Não basta só nascer, tem que aprender a ser mulher. Sou uma  sonhadora.

Falando em sonho, quero ver um mundo em que a igualdade exista e seja real. Igualdade entre mulheres e homens, negros e brancos, homossexuais e héteros, religiões e doutrinas. Tendo mulheres e homens recebendo os mesmos salários, as mesmas qualificações profissionais. Se toda a bagagem é igual, então por que as mulheres continuam ganhando menos do que homens?

Espero que o índice de violência contra a mulher, acabe ou tenha um fim significativo. Tem mulheres sendo mortas de forma violentíssima em todo o país. Infelizmente, as mulheres negras fazem parte da maior parte disso. É triste, mas espero que isso mude.

A mensagem que eu deixo para as mulheres que se sentem prisioneiras até de si mesmas. Que elas deixem de sentir medo, porque a sociedade já evoluiu e tem pessoas a quem possam se unir para lutar junto. Pra mulheres que sofrem violência. Lutem”.