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Exoneração de coordenador regional do órgão é exigida pelos ocupantes, que estão no local há mais de uma semana

Mais de uma semana depois da ocupação da Coordenação Regional (CR) da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Atalaia do Norte (a 1.138 quilômetros da capital Manaus), indígenas das etnias Matis, Marubo e Kanamary e outras, resistem em deixar o local.Na semana passada, o grupo retirou o coordenador Bruno Pereira “na marra” e exigiu a exoneração dele do cargo. O motivo da ocupação é a insatisfação das etnias com a atual gestão da coordenação regional.
Nesta quarta-feira (27), representantes do Ministério Público Federal (MPF) estiveram no município para conversar com os manifestantes e entender as reais causas da ocupação. A reunião aconteceu na Câmara Municipal de Atalaia, onde os índios puderam falar sobre o descontentamento tanto com o presidente da Funai, João Pedro Gonçalves, como com o coordenador regional. Mas o impasse parece estar longe de ser encerrado.
Enquanto isso, os funcionários da Funai estão impedidos de continuar trabalhando, o que vem desagradando lideranças indígenas que não apoiam o movimento.
A líder da etnia Kulina, Marta de Oliveira Kulina, informou que enviou uma carta à Funai, em Brasília, solicitando apoio à fundação. Na opinião dela, o movimento de ocupação não representa os interesses de todas as comunidades atendidas pela coordenação nos municípios de Atalaia, Envira, Eirunepé, Carauari e Ipixuna.
“Eu acho que isso é um movimento político. Nós não fomos convocados e não sabemos o que realmente está acontecendo lá na sede. Os parentes tem que se comunicar com a gente para informar o que vai ser feito”, reclamou Marta Kulina.
Em nota, a Funai informou que o coordenador de Atalaia do Norte não será exonerado do cargo. No entanto, a Fundação ressaltou que está aberta ao diálogo desde que os manifestantes encerrem a ocupação, para que as providências sejam tomadas.
A Coordenação Regional de Atalaia do Norte representa comunidades indígenas do Vale do Javari, Mawetek, Kulina do Médio Juruá, Kanamary do rio Juruá e Cacau do Tarauacá.