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Segundo a nota, o ministro está acompanhando a situação desde terça.
Conflito resultou na morte de um indígena e nove pessoas feridas.

O Ministério da Justiça e Cidadania autorizou, nesta quarta-feira (15), o envio da Força Nacional para a região de conflito entre indígenas e fazendeiros em Caarapó, no sudoeste de Mato Grosso do Sul.  O confronto teve um                índio morto, seis feridos e três policias machucados.
Segundo o prefeito de Caarapó, Mário Valério (PR), 50 homens da Força Nacional e 30 da Polícia Federal (PF) de Brasília serão enviados ao município. O ministério não confirmou quantos homens vão para a região.

Em nota, o ministério informou que a portaria definindo a atuação da Força Nacional deve ser publicada no Diário Oficial da União de quinta-feira (16).O pedido foi feito pelo governo do estado.

Conforme a assessoria, o ministro Alexandre de Moraes acompanhou com atenção o problema desde terça-feira e determinou a apuração dos fatos. A Força Nacional vai auxiliar as Polícias Militar, Federal e Rodoviária Federal.

Atualmente, a Força Nacional já atua no estado, na cidade de Ponta Porã, em apoio às ações de combate aos crimes fronteiriços.

Sepultamento e armas
O corpo do agente de saúde indígena Claudione Rodrigues Souza, de 26 anos, morto com tiro durante confronto entre índios e fazendeiros, vai ser enterrado na região do conflito. O corpo foi levado até o local pela funerária na tarde desta quarta-feira (15) e deve ser enterrado na quinta-feira (16).

Segundo a Polícia Federal, três das quatros armas foram devolvidas nesta quarta-feira, sendo duas pistolas .40 e uma espingarda calibre 12. Os indígenas dizem que devolveram todas os armamentos.

Confronto
Por conta do conflito, o clima é de tensão nesta quarta-feira na fazenda Ivu e no acesso à propriedade. Índios estão pintados e armados com arco e flecha e pedaços de pau. Os indígenas estão na fazenda desde segunda-feira (13).

Os seis índios feridos por tiros durante o confronto com fazendeiros continuam internados.Cinco estão no Hospital da Vida, em Dourados, sendo que três deles passaram por cirurgia. Todos estão bem e não correm risco de morrer, assim como a índia atingida por tiro de raspão questá no hospital de Caarapó.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que a área em conflito está na Terra Indígena Dourados-Amambaipeguá. Conforme o órgão, ela é tradicionalmente ocupada e está em estudo para regularização fundiária.

Confronto em MS (Foto: Editoria de Arte/G1)

Em nota publicada no Facebook, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) afirmou que homens armados chegaram em 60 camionetes e atiraram em cerca de mil indígenas, incluindo quatro agentes de saúde indígena, que estavam reunidos no território perto da aldeia Te’ Ýikuê. A Funai também afirma que os índios foram atacados.

Reféns
Após confronto dessa terça-feira, militares acabaram rendidos pelos indígenas por duas horas após o pneu da viatura furar. Eles tiveram as armas de fogo e coletes tomados, a viatura queimada e três sofreram ferimentos leves.

“Os policiais não esperavam esse tipo de situação de quem eles foram ajudar. Apanharam com pedaço de pau. Algemaram eles com as próprias algemas”, afirma o comandante da Polícia Militar (PM) de Dourados, que responde pelo município, tenente-coronel Carlos Silva.

Ainda segundo o tenente-coronel, a equipe foi recebida a tiros e há suspeita de que índios paraguaios estejam entre os indígenas brasileiros. “Os indígenas falavam que iam atear fogo nos policiais. Chegaram a jogar gasolina neles. O que mais nos deixou preocupados foi que a polícia foi garantir a vida dos indígenas e foi atacada por aqueles que visavam salvar”, fala o oficial.

Em nota, a Associação dos Subtenentes e Sargentos Policiais e Bombeiros Militares de Mato Grosso do Sul (ABSSMS), seccional Dourados, repudiou “as ações de extrema violência contra a integridade física de policiais militares”.

Outras mortes
Em agosto de 2015, cerca de 80 indígenas ocuparam cinco fazendas vizinhas à aldeia em Antônio João (MS). Durante retomada feita por fazendeiros, os dois grupos entraram em confronto e um indígena foi encontrado morto perto de um córrego, dentro de uma das fazendas.

Em maio de 2013, confronto entre indígenas e policiais durante a reintegração de posse de uma fazenda ocupada em Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande, deixou um índio morto e vários outros feridos.